A segunda atividade do Programa de Visitas Mediadas ao antigo DOI-Codi de 2025 aconteceu na quarta-feira, dia 12 de fevereiro e contou com a presença de 20 pessoas que se inscreveram pelo formulário disponibilizado pelo Núcleo Memória em seu site e redes sociais. A visita teve duração de três horas pois contou com um público ávido por compartilhar impressões e opiniões.
A atividade começou com uma roda de apresentação dos participantes. Para a surpresa de muitos, três irmãos relataram que, em 1975, estiveram na delegacia para visitar o pai, capturado pelas forças do DOI-Codi. Essa foi a primeira vez que retornaram ao local, em um processo de ressignificação do passado.
Na sequência, o educador e historiador do Núcleo Memória, César Novelli Rodrigues, apresentou a trajetória da entidade e os projetos de lugares de memória nos quais esteve envolvida ao longo de seus 16 anos de atuação, como o Memorial da Resistência de São Paulo, o Memorial da Luta pela Justiça e o Memorial antigo DOI-Codi.
O diretor executivo do Núcleo Memória, Maurice Politi, deu continuidade à atividade contextualizando a criação de um dos mais brutais aparatos de repressão da ditadura militar: o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do II Exército, em São Paulo. Ele relembrou que o DOI teve como precursor a Operação Bandeirantes (Oban) e que, diante do sucesso desse aparato clandestino – financiado por empresários para reprimir as forças de resistência –, os militares decidiram institucionalizar a experiência, expandindo os DOI-Codis para diversas capitais do país.
A visita contou ainda com a participação da atriz, dramaturga e ex-presa política Dulce Muniz, que compartilhou memórias e reflexões sobre o período da ditadura e a continuidade da violência de Estado no Brasil. Ela destacou que esse processo remonta à chegada dos colonizadores portugueses e ao extermínio de mais de cinco milhões de indígenas, perpetuando-se ao longo dos séculos, inclusive durante a ditadura militar. Ao final de sua fala, Dulce recitou um poema escrito por seu irmão.
Na última etapa da atividade, os participantes percorreram o estacionamento da delegacia acompanhados por Maurice Politi e César Novelli, que explicaram a estrutura física do aparelho repressivo. A visita foi concluída no prédio dos fundos do complexo, onde ocorreram diversos interrogatórios, sessões de tortura e assassinatos.
As Visitas Mediadas ao antigo DOI-Codi contam com o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e do Instituto PHI, e seguirão ao longo de 2025.
É possível saber as datas por meio da agenda de eventos no site do Núcleo Memória, clicando aqui.