No último dia 6 de setembro, foi realizada mais uma edição do Sábado Resistente de 2025, com o tema “Movimentos Populares e o Direito à Cidade”, no auditório do Memorial da Resistência. A atividade compôs a programação anual do projeto, cujo tema neste ano é “Brasil que Resiste: Lugares de Memória e Lutas por Justiça”.
A edição completa pode ser assistida aqui.
A abertura foi realizada por Ana Pato, diretora técnica do Memorial da Resistência, e Maurice Politi, diretor executivo do Núcleo Memória, que destacaram a relevância de trazer para o espaço do Memorial reflexões e experiências da luta popular urbana no presente.
Dando início ao debate, Alex Sartori, arquiteto, urbanista e criador do canal “Do Que São Feitas as Cidades?”, ressaltou a necessidade de superar o atual estágio que observamos nas cidades, que chama de combinação entre “crescimento ordenado” e “implosão urbana”. Defendeu que apenas uma transformação radical e coletiva da produção urbana pode reverter o cenário.
Na sequência, Ermínia Maricato, professora emérita da FAU/USP, apresentou uma análise contundente sobre o modo como a urbanização brasileira se estrutura a partir dos baixos salários, que empurram trabalhadores para áreas inseguras e de proteção ambiental. Destacou que não basta produzir planos e leis: é preciso garantir o direito material à moradia.
Em seguida, foi a vez de Micaela Yañez, artista e representante da Ocupação Ouvidor 63 (que está com exposição em cartaz no Memorial da Resistência), trouxe o exemplo concreto da Ocupação e sua atuação no centro da capital. Ressaltou que a ocupação não apenas garante moradia, mas também cria condições para a produção cultural e artística, fundamentais para a democratização do acesso à arte.
Carmen Silva, liderança do MSTC e da Ocupação 9 de Julho, compartilhou sua trajetória de luta pela moradia e explicou como a ausência de empregos nas periferias e o custo de vida expulsa trabalhadores e trabalhadoras dos centros urbanos, trazendo à tona a necessidade de ocupar para viver e sobreviver. Relatou que, através dessas ferramentas, foram muitas conquistas, graças à pressão ao poder público, que teve que desenvolver projetos de habitação social.
A vereadora Luana Alves denunciou o processo de expulsão de moradores das áreas centrais, agravado pelo projeto do governador Tarcísio de Freitas de transferir a administração estadual para os Campos Elíseos. Segundo ela, esse movimento favorece a especulação imobiliária e promove o apagamento da memória dos grupos historicamente marginalizados que habitam esses territórios.
Encerrando as falas, a deputada Ediane Maria compartilhou sua trajetória como trabalhadora e militante do MTST. Relatou que foi no contato com outras mulheres com histórias semelhantes que encontrou força para lutar coletivamente, superando as dificuldades do cotidiano. Sua fala, assim como a de Carmen Silva, emocionou o público.
Durante o debate aberto, participantes também compartilharam relatos de violações ao direito à cidade, denunciando tanto os efeitos das privatizações quanto a violência do Estado nos territórios populares.
O próximo Sábado Resistente, com o tema “Religião e Direitos Humanos: a Resistência das Comunidades de Fé”, será realizado no dia 11 de outubro, às 14h, no auditório do Memorial da Resistência.