Na mediação da visita estavam Maurice Politi, diretor administrativo do Núcleo Memória e ex-preso político, César Rodrigues, historiador e pesquisador do Núcleo Memória, Flávio Bastos, advogado e especialista em espaços de memória, e Dulce Muniz, atriz e ex-presa política. Na ocasião, os alunos puderam ouvir o relato direto de pessoas que passaram pela detenção e tortura no DOI-Codi, além de um debate sobre lugares de memória e a importância da consciência política e do voto para o futuro do país.

Em depoimento, o pesquisador César Rodrigues celebra sua marca de 3 anos junto ao Núcleo Memória e destaca a importância da atividade, principalmente do ponto de vista pedagógico, para um volumoso público em formação política e educacional: “A atividade foi para um grupo de 130 alunos da Escola Estadual Maria do Carmo, de Vinhedo-SP, junto a dois representantes da resistência ao regime ditatorial, Maurice Politi e Dulce Muniz”, pontua.  

“Nunca é fácil dialogar sobre temas sensíveis com adolescentes, mas é cada vez mais necessário. É preciso mostrar que o presente é permeado desse passado traumático. É preciso falar sobre Virgílio Gomes da Silva, Joaquim Alencar de Seixas, Vladimir Herzog, Ana Rosa Kucinski, e tantas e tantos outros que morreram pelas mãos do Estado neste local. É preciso estabelecer pontes entre o ontem e o hoje, afinal, Genivaldo morreu torturado dentro do porta-malas de um carro por policiais rodoviários há um mês. É preciso falar sobre as milhares de vítimas da covid que foram negligenciadas pela necropolítica da besta que ainda vigora. E a gente percebe quando a mensagem foi minimamente captada quando, ao término da visita, os 130 adolescentes aplaudem aquela equipe que passou a tarde com eles falando não sobre morte, mas sobre esperança, sobre memória, sobre-vivências., finaliza o historiador.