Foto: Gabriela Beraldo
Sob o olhar da psicanalista e ex-presa política Maria Auxiliadora Arantes, a Dodora, o último Sábado Resistente – evento mensal que acontece no Memorial da Resistência de São Paulo – debateu o tema da tortura no Brasil ao longo da história do país: desde a colonização, passando pela escravatura e pela ditadura, até a violência policial e carcerária dos dias atuais.
Além de Dodora, a mesa de debate foi composta por Márcio Farias, coordenador do Núcleo de Estudos Afro Americanos, colaborador do Instituto Amma Psique e Negritude e Assistente da Coordenação do Museu Afro-Brasil; Mariana Lins, pesquisadora do Programa Justiça Sem Muros do Instituto Terra trabalho e Cidadania; e Ivan Seixas, Jornalista, ex-preso político, presidente do Conselho do Núcleo Memória e integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Para as 70 pessoas presentes, Dodora – que é coordenadora geral de Combate à Tortura da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – fez um resumo histórico sobre o tema no Brasil e no mundo e ofereceu sua visão, baseado no trabalho de pesquisa que realizou. Sua pesquisa resultou em um livro, “Tortura”, que foi relançado no evento.
Márcio Farias falou sobre as consequências para a cidadania e a justiça social herdadas pela população negra da época da escravatura. O especialista ressaltou como o racismo é enraizado e acaba por marginalizar os afrodescendentes, possibilitando que eles sejam novamente maltratados pelas instituições públicas.
Já Mariana buscou falar sobre o sistema penitenciário brasileiro e suas falhas, mas focou principalmente nos problemas enfrentados pelas mulheres encarceradas. Falou como a polícia e os agentes penitenciários se utilizam da tortura em diversos níveis – desde as agressões físicas, até aos abusos psicológicos e ao desrespeito aos direitos humanos dentro das penitenciárias.
Ivan Seixas contou um pouco da sua trajetória como resistente e sua experiência dentro do cárcere enquanto preso político e torturado. Falou também sobre as heranças deixadas pela ditadura para o sistema de justiça brasileiro e para a polícia.