Sábado Resistente no Memorial da Resistência.
No sábado (20) do mês de agosto, foi realizado o quinto Sábado Resistente do ano no Auditório Vitae (5º andar do Memorial da Resistência), em uma parceria entre o Núcleo Memória e o Memorial da Resistência. A atividade, que ocorreu de forma híbrida com transmissão através dos canais no Youtube do Núcleo Memória, do Memorial da Resistência e Tutaméia, teve abertura às 14h15, realizada por Ana Pato, coordenadora do Memorial da Resistência, e Maurice Politi, diretor administrativo do Núcleo Memória.
Com a temática “A Construção da Cidadania no Brasil´´, essa edição teve como debate “O Mundo da pós-verdade, do negacionismo e das Fake News”. O evento contou com cerca de 70 participantes, lotando a sala do Auditório Vitae, em uma conversa sobre o surgimento e o estímulo às inverdades que incitam ondas negacionistas, numa verdadeira guerra cultural, criando uma realidade à parte dos consensos científicos, históricos, políticos, econômicos e sociais.
A partir da mediação de Oswaldo Oliveira Santos Junior, Diretor de Pesquisa do Núcleo Memória e Coordenador da Pesquisa histórica para o Memorial da Luta Pela Justiça, a atividade foi aberta ressaltando a importância do tema para as eleições e o potencial da nossa liberdade de escolha e exercício da cidadania. “Ao abordar o tema do negacionismo, nós compreendemos que não se trata de um fenômeno recente e nem tipicamente brasileiro. Negar fatos históricos e procurar apagar ou distorcer, criando mecanismo de esquecimento, tem sido uma prática sistemática na história da humanidade”, pontua Oswaldo.
Entre os participantes da mesa, a jornalista Natália Viana, diretora executiva da Agência Pública, foi a primeira a falar. Durante sua análise, a jornalista comenta como a internet era uma promessa positiva para organização de movimentos sociais e da facilitação do debate democrático digital. Contudo, algumas decisões econômicas tomadas na última década permitiram que grupos organizados utilizassem a plataforma para divulgação da desinformação, o que nos colocou no cenário atual de pós-verdade.
Já na sua fala, Maria Rita Kehl, psicanalista e ex-integrante da Comissão Nacional da Verdade, tratou de construir um panorama psicológico e psicanalítico da mentira, que surge, em um primeiro momento, como um mecanismo natural de socialização ainda na juventude. “Tomando nesse momento a deixa da Natália, nas redes sociais ficamos em posição muito ambígua, porque virou terra de ninguém. Através do jornalismo e da justiça elas acabam sendo desmentidas, mas o problema da mentira é que o desmentido nunca vai ter a mesma relevância para as pessoas”, ela explica.
Por fim, o público presente ouviu Francisco Eduardo Bodião, sociólogo e educador. Trazendo para o ambiente pedagógico, Francisco relatou sua atuação em prol da verdade, da ciência e de uma educação crítica dentro da sala de aula. Mas, também, como o ambiente escolar é marcado pelas disputas pelo “falar o que quer” e suas consequências imediatas nas relações entre os alunos.
Logo após a fala de Francisco Bodião, a plateia pôde fazer suas perguntas direcionadas ao tema, tirar dúvidas sobre como combater as Fake News, sobre a força da extrema-direita nas mídias sociais e também sobre notícias falsas que eles mesmo já tinham recebido.
O Sábado Resistente é uma atividade mensal, que acontece sempre de forma híbrida. O próximo ocorrerá no dia 17 de setembro e trará o tema “Entendendo o sistema eleitoral no Brasil”.