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Em fechamento ao ciclo geral intitulado “A Construção da Cidadania no Brasil, foi realizado no dia 19 de novembro o penúltimo Sábado Resistente do ano, no Auditório Vitae (5º andar do Memorial da Resistência). A tarde de debate foi voltada para o diálogo sobre o papel das instituições governamentais nas definições necessárias para a reconstrução democrática. Você pode assistir clicando no link.
Para expor suas ideias a respeito do tema, foram convidados/as para participar da mesa a deputada federal Juliana Cardoso, a jornalista Eleonora Lucena, o professor Gilberto Maringoni e a deputada estadual Paula Nunes.
Abrindo a fala, a jornalista Eleonora Lucena fez uma retrospectiva do dia 30 de outubro e seus significados para o Brasil e o mundo. Com a vitória de Luís Inácio Lula da Silva, o Brasil retoma uma política de luta contra a crescente onda de extrema direita no mundo e, mais do que tudo, retoma a esperança em um estado garantista de direitos sociais e econômicos. Contudo, a jornalista pontuou os desafios futuros do novo governo. “A pandemia escancarou a condição de esgotamento e falta de perspectiva de boa parte da humanidade. (...) Qualquer deslize do novo governo pode servir de pretexto para o exército fardado e armado”, pontuou.
Em seguida, o público pôde ouvir a fala de Paula Nunes, deputada estadual recém eleita pelo mandato coletivo da Bancada Feminista. Para a deputada, as cenas vistas durante o governo Bolsonaro não serão superadas facilmente. Mas é importante ser colocado que todos os retrocessos aconteceram mediante muita resistência e precisamos sempre nos lembrar de toda luta feita por setores progressistas na sociedade. O grande marco desta eleição, para a deputada, é que derrotar o bolsonarismo nas urnas não é o mesmo que derrotá-lo nas ruas. Então seria muito importante dar continuidade ao processo de mobilização criado nesses últimos quatro anos em diversos setores da sociedade civil.
Em continuidade a fala da deputada, o professor Gilberto Maringoni contribuiu para o debate ressaltando como a vitória de Lula já representa de imediato um deslocamento na condução do debate público, que agora passa a ser muito mais calcado em um progressismo, mas que passará por problemas muito em breve. “O Lula comandou uma frente ampla, que durante os próximos quatro anos vai ser preciso uma desenvoltura tremenda para que o governo possa entregar as expectativas criadas. O fato é o seguinte: o governo não está montado, mas a oposição sim. E ela tem duas frentes: uma bolsonarista, fascista, do pessoal dos quartéis, das milícias e violentos; existe a segunda frente, que é uma frente engomadinha, do financismo, que fará chantagens e terrorismo midiáticos”, ele explica.
Por fim, a deputada Juliana Cardoso assumiu a palavra para rememorar todo o trabalho construído desde 2016, que desembocou na vitória de 2022. A deputada focou sua fala no papel do novo congresso eleito, da articulação construída pelo agrupamento de partidos conhecido como “centrão” e o papel das candidaturas de esquerda nesse novo governo. Convidada para participar do governo de transição, Juliana comentou as mudanças orçamentárias, os serviços públicos, o planejamento das questões emergenciais e a possibilidade de um “revogaço”.
Na sequência, algumas perguntas feitas pelo público presencial e online foram respondidas pelos convidados, algumas delas com enfoque na questão racial dentro do novo governo, dado a emergência do tema e o fato deste Sábado Resistente ter sido realizado na véspera do Dia da Consciência Negra.
O Sábado Resistente é uma atividade mensal e retornará ainda em Dezembro, com o tema Sábado Resistente: Memórias do Futuro: arquivos do movimento negro e a construção da cidadania brasileira, dia 10/12, às 14h, no Auditório Vitae (5º andar do Memorial da Resistência- Rua General Osório 66 – Luz – ao lado da Sala São Paulo).
O debate encerrará a exposição Memórias do Futuro, que tem foco na construção da cidadania negra no Brasil. Durante o evento, será distribuído de forma gratuita o catálogo da exposição, que conta com apoio da Fundação Friedrich Ebert Brasil.