Foram convidadas para o debate a procuradora do Estado de São Paulo, Margarete Pedroso, Conselheira Estadual da Condição Feminina e da Rede Feminista de Juristas, e Sonia Coelho, coordenadora da Sempreviva Organização Feminista (SOF) e representante da Marcha Mundial das Mulheres, mediadas por Katia Felipini, Diretora de Museologia e Ação Educativa e Cultural do Núcleo Memória (NM).
Ana Pato, coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo (MRSP), e Katia Felipini, iniciaram o Sábado Resistente com as boas-vindas e a exibição de um pequeno vídeo-homenagem para um gigante: Alípio Freire. Um dos fundadores do Núcleo Memória, Alípio faleceu no último dia 22 de complicações derivadas da covid, e entristeceu a todos seus amigos e familiares. A atividade deste dia foi dedicada em sua memória.
Sonia Coelho iniciou sua fala mencionando o momento presente e a estratégia do neoliberalismo em fomentar desigualdades com seu projeto de destruição de direitos. Termos como desregulação, flexibilização, empreendedorismo e mercantilização fazem parte deste universo neoliberal perverso que ataca a classe trabalhadora, em especial as mulheres. São elas que ocupam a maior parte dos postos de trabalho nas áreas da saúde e social, com a pior remuneração, e enfrentam na pandemia um grande sobrecarga de trabalho, como mostra um levantamento realizado pela SOF. Sonia entende que é preciso combater esse projeto com luta, conscientização e solidariedade, um trabalho que a Marcha Mundial das Mulheres vem exercendo ao longo dos anos.
Margarete Pedroso lamentou a partida de Alípio Freire e os dias atuais de constante luto por todas e todos que perderam suas vidas não só pelo coronavírus, mas pela política genocida do governo brasileiro, como também salientou Sonia. A procuradora disse que não tem como falar de direitos das mulheres sem passar pelo tema da violência contra elas. Além da violência doméstica, é preciso salientar as outras formas de violência institucionais: falta de atendimento adequado no sistema de saúde e no sistema de justiça; ausência de projeto de políticas públicas adequadas em matéria de direitos reprodutivos; a questão racial que intensifica a violência de gênero. Margarete disse que em uma sociedade tradicionalmente patriarcal como a nossa, a violência se torna um instrumento de controle social que impede a ascensão das mulheres em várias estruturas da sociedade. “A cultura é que sempre define a violência e a nossa cultura é patriarcal, branca e que faz com que essa violência seja naturalizada”, disse Margarete. Essa naturalização é um dos maiores problemas a serem combatidos, pois ela gera uma omissão e conivência da sociedade quando casos são mostrados nas mídias. Para enfrentá-la, é preciso educação, conscientização e políticas públicas que demonstrem o quanto as estruturas de poder ainda são masculinas, afirmou a procuradora.
Na segunda parte do evento, as perguntas da audiência que acompanhava a atividade pelos canais do Núcleo Memória e Memorial da Resistência às palestrantes foi mediada por César Rodrigues, pesquisador e historiador do NM. Ao término do evento, Ana Pato, Katia Felipini e Maurice Politi agradeceram a potência das falas e lembraram da continuidade do Sábado Resistente em maio.
Para conferir o evento na íntegra, clique neste link: https://youtu.be/EADPP1fCh0o