Foto: André Santa Rosa/Divulgação
No dia 20 de outubro, foi realizado o quinto encontro do Curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil, no prédio do Centro Universitário Maria Antônia da USP, no qual tivemos a chance de conversar com a professora Julia Gumieri dissertando sobre o tema Os conceitos de lugares de memória e as experiências brasileiras e, em seguida, com o professor Flávio Bastos apresentando sua aula Experiências internacionais de lugares de memória.
Julia Gumieri iniciou sua aula abordando o cenário de discussões acadêmicas sobre o conceito de lugares de memória, destacando o trabalho de Pierre Nora, na França, no final da década de 1980. Seguindo com suas considerações identificou que tal conceito vem sendo debatido, alargado e contestado desde então, o que é salutar ao debate e ao fazer de profissionais interessados e envolvidos no tema.
No que diz respeito à realidade brasileira e, em especial aos lugares de memória relacionados ao nosso passado ditatorial, a professora ressaltou a importância da manifestação e da participação de ex-presas e ex-presos políticos, bem como de familiares de pessoas assassinadas e desaparecidas, na constituição de espaços instituídos no processo de efetivação do direito à memória, verdade e justiça, nos quais o testemunho dessas pessoas é fundamental para a implementação de uma política para o nunca mais!.
Na sequência, o professor Flávio Bastos apresentou uma série de lugares de memória espalhados pelo mundo, nos quais, cada um num contexto particular, também atuam para efetivação de uma política da não repetição de crimes contra a humanidade.
O professor expôs exemplos situados no continente europeu, nos quais os horrores perpetrados pelo nazismo são identificados, e outros, onde genocídios étnicos foram cometidos na década de 1990 são lembrados. Flávio ainda identificou lugares de memória no continente africano, que denunciam a barbárie do tráfico de milhões de pessoas no comércio de escravizados entre os séculos XV e XVIII, e espaços na América Latina, nos quais os crimes cometidos por ditaduras militares são denunciados. Todos os exemplos citados pelo professor foram por ele visitados ao longo de anos, em seu trabalho de pesquisa.
Ao final, uma mesa para responder às questões foi montada com a participação de Júlia e Flávio. O público presente interagiu identificando as diferenciações entre lugares de memória e sítios de consciência, e ressaltando a necessidade da criação e manutenção desses espaços no Brasil e no mundo.