O DOI-Codi, inicialmente conhecido com o nome de Operação Bandeirante, foi criado no ano de 1969, como centro clandestino de detenção e por ali passaram mais de 10.000 mil pessoas, tendo sido o lugar conhecido como “a sucursal do inferno”. No ano de 1970, a estrutura de repressão clandestina se institucionalizou, dentro das estruturas oficiais das Forças Armadas, tomando o nome de Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). De acordo com o relatório da Comissão Nacional da Verdade, mais de 50 pessoas, todos resistentes ao regime ditatorial da época, foram assassinados, seja no próprio local (caso do jornalista Vladimir Herzog, do operário Manoel Fiel Filho e tantos outros), seja por ações de resistência contra estas forças militares. Pode ser considerado, portanto, como o maior centro de repressão, morte, tortura e desaparecimento da ditadura brasileira.
O local onde funcionou o DOI-Codi (Rua Tutoia 921 -São Paulo) esteve e continua sendo ocupado pela 36ª Delegacia de Polícia. Edifícios anexos, no mesmo terreno, foram sede do DOI-Codi em São Paulo entre 1969 e 1983. Devido à importância histórica do local, eles foram considerados tombados pelo Condephaat como Patrimônio Cultural do Estado de São Paulo ano de 2014, fortalecendo a luta por Memória, Verdade e Justiça dos vários grupos da sociedade civil que lutavam e continuam lutando por esta causa.
Após 6 anos de petições ao Governo do Estado de São Paulo para destinar o local a um Memorial em homenagem às vítimas e um Lugar de Consciência na cidade, e não tendo obtido do Governo nenhuma sinalização positiva, o Ministério Público de São Paulo ajuizou uma Ação Civil Pública requerendo que o Governo do Estado de São Paulo transforme finalmente, pelo menos parte dos edifícios, hoje vazios, neste Memorial.
No dia 09 de setembro de 2021 haverá uma audiência entre o Ministério Público e o Governo do Estado para tentar uma conciliação entre as partes, que leve à criação do Memorial.
Na véspera desta audiência, os 64 membros da Rede Latino American e Caribenha de Lugares de Memória (RESLAC) se manifestam a favor da proposta do Ministério Público, esperando que neste dia uma resposta judicial positiva seja dada para a criação deste Memorial.
A experiência e trabalho dos membros da RESLAC na valorização dos princípios democráticos e na defesa dos Direitos Humanos nos mostram que uma verdadeira DEMORACIA passa necessariamente pelo conhecimento dos fatos históricos passados para que estes não voltem a se repetir.
Assinam este pronunciamento:
Red de Sitios de Memoria Latinoamericanos y Caribeños –RESLAC:
Archivo Provincial de la Memoria – Argentina
Centro Cultural por la Memoria de Trelew – Argentina
Comisión de Homenaje a las Víctimas de los CCD Vesubio y Protobanco – Argentina
Museo de la Memoria de Rosario – Argentina
Espacio para la Memoria y Promoción de los DDHH Ex CCDTyE OLIMPO – Argentina
Museo Sitio Memoria ESMA – Argentina
Colectivo Faro de la Memoria – Argentina
Museo Internacional para la Democracia – Argentina
Parque de la Memoria – Argentina
Memoria Abierta – Argentina / Coordinador RESLAC
Casa do Povo – Brasil
Museo de la Inmigración– Brasil
Memorial de la Resistencia – Brasil
Núcleo de Preservación de la Memoria Política – Brasil
Memorial das Ligas e Lutas Camponesas – Brasil
Asociación de Familiares de Detenidos Desaparecidos y Mártires por la Liberación Nacional (ASOFAMD) – Bolivia
Memorial Paine: Un lugar para la memoria – Chile
Museo de la Memoria y los Derechos Humanos – Chile
Estadio Nacional – Chile
Comité de Derechos Humanos Nido Veinte – Chile
Casa Memoria José Domingo Cañas – Fundación 1367 – Chile
Corporación Parque por la Paz Villa Grimaldi – Chile
Asociación por la Memoria y los Derechos Humanos Colonia Dignidad – Chile
Fundación de Ayuda Social de las Iglesias Cristianas (F.A.S.I.C) – Chile
Corporación de Memoria y Cultura de Puchuncaví – Chile
Centro Cultural Museo y Memoria de Neltume – Chile
Centro de Memoria, Paz y Reconciliación – Colombia
Museo Casa Memoria de Medellín – Colombia
Red Colombiana de Lugares de Memoria – Colombia
Museo de la Palabra y la Imagen – El Salvador
Instituto Internacional de Aprendizaje para la Reconciliación Social - IIARS - Guatemala
Memorial para la Concordia – Guatemala
Archivo Histórico de la Policía Nacional – Guatemala
Centro de la Memoria Juan Gerardi – Guatemala
Centro para la Acción Legal en Derechos Humanos -CALDH- Guatemala
Dévoir de Memoire – Haití
Centro de Derechos Humanos Fray Bartolomé de las Casas – México
Sociedad Civil Las Abejas – México
Museo Memoria y Tolerancia – México
Centro de Investigaciones Históricas de los Movimientos Sociales – México
Museo de las Memorias: Dictaduras y Derechos Humanos – Paraguay
Dirección de Verdad, Justicia y Reparación – Defensoría del Pueblo – Paraguay
Asociación Paz y Esperanza – Perú
Asociación Nacional de Familiares de Secuestrados, Detenidos y Desaparecidos del Perú (ANFASEP)
Asociación Caminos de la Memoria – Perú
Asociación Centro Loyola Ayacucho – Perú
Museo Memorial de la Resistencia Dominicana – R. Dominicana
Centro Cultural Museo de la Memoria – MUME – Uruguay
Fundación Zelmar Michelini – Uruguay
Secretariado Coalición Internacional – EEUU