No dia 19 de agosto, sábado, às 11h, o Núcleo Memória irá abrir as portas do prédio do futuro Memorial da Luta pela Justiça (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 1249 - Bela Vista) para a Jornada do Patrimônio 2017. O evento da prefeitura de São Paulo dura dois dias e conta com palestras em diversos pontos históricos da cidade sob o tema Construindo Histórias. O Núcleo Memória trará o tema O roteiro da memória na cidade de São Paulo, que será apresentado pelo diretor e ex-preso político Maurice Politi.
Durante o período da ditadura civil-militar brasileira, funcionava no prédio a Auditoria Militar, onde os presos políticos eram julgados e condenados por seus supostos crimes contra a segurança nacional. Os julgamentos eram forjados e as sentenças definidas antes mesmo das sessões. O local será reformado para abrigar o Memorial da Luta pela Justiça, que, quando estiver pronto, prestará uma homenagem a esses réus e seus advogados que ali atuaram, além de integrar roteiro da Memória de São Paulo.
Para participar do evento é necessário fazer inscrição via Facebook ou pelo e-mail contato@nucleomemoria.org (Colocar no assunto Inscrição Jornada do Patrimônio 2017).
Sobre a Jornada do Patrimônio 2017
A Jornada do Patrimônio 2017 se propõe a refletir sobre as mudanças de uso e significado do patrimônio e o que essas mudanças projetam para o futuro.
O patrimônio nos oferece a possibilidade de ler na cidade o processo que a formou, desde a aldeia jesuítica que se tornou entreposto de rotas comerciais, foi alçada a metrópole industrial com a riqueza do café e soube se reinventar como centro mundial de cultura e serviços. Se a cidade é o texto construído que condensa diversos tempos históricos, sua leitura atenta é a melhor aposta para caminharmos com segurança para o futuro.
Mas a forma como os bens culturais são interpretados está sujeita a alterações ao longo do tempo, o que levanta algumas questões. Quais valores considerar na preservação de determinado bem? Como pensar essa preservação para o futuro, que trará novas leituras para o mesmo patrimônio? Quais são as ferramentas disponíveis para sua gestão e para sua valorização?
O patrimônio histórico orienta o futuro de outra forma muito importante: ao produzir identidades coletivas. Em países do mundo todo, o patrimônio integra o sistema de direitos fundamentais e é quase sempre compreendido como base da identidade de um povo ou nação. Na Constituição brasileira, os bens culturais são vistos como “portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Artigo 216).
Mas o que identidade tem a ver com o futuro? A transformação de narrativas individuais em discursos coletivos habilita a participação social ativa na construção do futuro da cidade. É o velho ditado: a união faz a força. E o patrimônio tem tudo a ver com isso. Habitar a cidade, esse texto histórico vivo, nos conduz à construção compartilhada do futuro a partir dos bens que herdamos.
O patrimônio tem papel fundamental no desenvolvimento humano e na qualidade de vida e é parte inseparável do desenvolvimento de bases ecológicas. Usar as edificações existentes é uma ótima maneira de evitar o desperdício de recursos naturais gerado pelas demolições.
Isso não quer dizer que a cidade precisa ser “congelada”, mas que as preexistências devem orientar sua contínua produção. Intervenções contemporâneas em áreas e edifícios históricos são bem vindas quando feitas com esse espírito. Elas atualizam os bens culturais e os inserem no futuro da cidade, contribuindo para sua conservação.
Em 2017, a programação da Jornada será organizada em eixos que tratam do modo de viver na cidade: ESTUDAR, TRABALHAR, MORAR, COMPRAR E VENDER, CIRCULAR, LEMBRAR e SE DIVERTIR. Em cada eixo, por meio de roteiros, visitas a imóveis, palestras e apresentações artísticas, serão investigadas mudanças e permanências, com o objetivo de evidenciar o papel do patrimônio e da memória na produção do futuro da cidade.
SAIBA MAIS SOBRE A JORNADA DO PATRIMÔNIO 2017