A entrevista ficou marcada por um caminhar pelas memórias do professor, em que ele revelou a importância das leituras realizadas por incentivo de sua mãe para a escolha da área do Direito. Nesta área, teve um especial interesse por Teoria do Estado e Direito Constitucional, que foram o embrião para o despertar da defesa dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana.
Na sua juventude, Dalmo Dallari trabalhou no departamento jurídico da empresa Light (que, mais tarde, se tornou a Eletropaulo e hoje é a ENEL). No início do ano de 1968, foi procurado pelos dirigentes do Diretório Acadêmico da Escola de Comunicações da USP para atuar na defesa de um jovem calouro chamado Maurice Politi, hoje diretor do Núcleo Memória. Politi havia sido acusado de distribuir panfletos subversivos na faculdade e estava ameaçado de ser expulso da Faculdade, aplicando-se a ele o famoso “Decreto 477”. Prof. Dalmo fez uma defesa corajosa do jovem estudante, revelando-se desde então como um valoroso defensor das liberdades individuais.
Durante o regime da ditadura civil-militar, defendeu muitos dos presos políticos, visitando-os no Deops e Presídio Tiradentes, além de atuar na Auditoria Militar de São Paulo, onde será implementado o Memorial da Luta pela Justiça.
Taxado como “subversivo” pelos militares, foi chamado a prestar depoimento em uma tentativa de persuadi-lo a não mais defender os presos políticos, além de ter sido preso em 1980, quando defendia sindicalistas em greve no ABC Paulista. Chegando no Deops, foi levado a uma das celas e lá escutou de um dos presos que o reconheceu e disse aliviado: “Olha gente, chegou o nosso advogado,”. Dallari lhe contou então que sua chegada era por também estar sendo detido.
Explicou na entrevista também como foi a formação da Comissão de Justiça e Paz, que presidiu entre 1975 e 1978. Trabalhou na linha de frente pela Constituinte, contribuindo com muitas ideias nas áreas dos Direitos Humanos e na defesa de territórios dos povos indígenas.
Dalmo Dallari afirmou que a ideia do Memorial da Luta pela Justiça ajudará a despertar consciências, sendo uma contribuição muito importante para a concretização de uma sociedade justa e da construção de um Estado verdadeiramente Democrático e de Direito.