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NÚCLEO MEMÓRIA

Direitos humanos |   NOTA DE FALECIMENTO Dra. Eny Raimundo Moreira (1946 - 2022)

 

Nascida em Juiz de Fora (MG), Eny ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora em 1964, um mês antes do
Golpe Militar.  No segundo ano da faculdade, após ler uma reportagem
sobre o advogado Sobral Pinto, decidiu que iria morar no Rio de Janeiro para que pudesse trabalhar em ele.  Obteve a transferência para a Faculdade Nacional de Direito e, em 1966, foi admitida como estagiária no seu escritório, permanecendo lá por mais quinze anos, após se formar em 1968.

Eny trabalhou na defesa de inúmeros presos políticos ao lado de Sobral Pinto, Oswaldo de Mendonça e Bento Rubião, chegando a ser presa por algumas horas duas vezes, sendo uma em 1969 e outra em 1970. No Natal de 1972, em sinal de solidariedade ao grupo de 6 presos políticos que estavam isolados na Penitenciária Regional de Presidente Venceslau, Eny foi passar a noite de Natal naquele presídio, sendo então publicamente homenageada por toda a população carcerária e pelo seu Diretor.

Foi por iniciativa de Eny Moreira que se iniciou o trabalho mais tarde conhecido como o “Projeto Brasil Nunca Mais”, que contou com o apoio do Conselho Mundial de Igrejas, através de sua gestão junto ao Reverendo presbiteriano Jaime Wright e ao Cardeal de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns. Por meio de uma rede de advogados e militantes de Direitos Humanos, o projeto se encarregou de copiar, entre os anos de 1979 e 1985, 707 processos do Superior Tribunal Militar, somando cerca de um milhão de cópias em papel e 543 rolos de microfilme. O material serviu de base para o livro Brasil: Nunca Mais, publicado em julho de 1985, em meio ao processo de democratização do país. Durante anos, foi o livro mais vendido no país, com mais de 30 edições.

Eny Moreira foi presidente fundadora do Comitê Brasileiro pela Anistia e, durante os últimos anos, atuou como assessora da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro. No ano de 2016, deu seu testemunho à equipe de pesquisadores do Núcleo Memória, e o conteúdo audiovisual é parte do acervo do futuro Memorial da Luta pela Justiça.


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