O evento teve início com uma apresentação musical de Caio Muniz, que homenageou o companheiro Raphael Martinelli, falecido no dia 16/02, aos 95 anos com a música “Ponta de Areia”. Logo em seguida, o cantor homenageou as mulheres pedindo para que aquelas presentes ao evento pudessem cantar “Maria Maria” também de Milton Nascimento.
Iniciada a mesa, a primeira a falar foi Carmem Silva. Em suas reflexões, disse que a mulher já nasce resistindo e que é importante contar a sua história pois se não o fizer replicará a vida inteira o que o machismo lhe “condiciona” a ser. Também discorreu sobre o que é resistir para a mulher nos dias atuais haja visto a falta de apoio do Estado e ausência de políticas públicas. Em seu horizonte de luta, entende que o direito à moradia é prioritário para que os outros direitos possam ser conquistados, e como líder de um movimento de moradia que sofreu e sofre tentativas de criminalização, acredita que o período vivido é de retrocessos mas que é preciso não esmorecer. “É importante que as mulheres contem suas histórias e se reconheçam em suas origens.”, disse Carmem.
Em seguida, a palavra foi dada a historiadora Karina Morais. Como militante da Marcha Mundial das Mulheres, Karina falou sobre o Dia Internacional das Mulheres: “Não se pode falar em 08 de Março sem falar no contexto de enfrentamento a vida das mulheres, de um período de acirramento da ofensiva contra às mulheres, em especial contra as mulheres negras, das periferias urbanas, do campo e indígenas”, disse a historiadora. Também falou sobre o processo de invisibilização do caráter histórico de luta desta data e do processo de apagamento das mulheres na história: “A história não é linear, ela é feita de avanços e retrocessos”. Também afirmou que na atualidade vivemos um período de desmonte do Estado iniciada pelo golpe de 2016 e que se mantém até hoje com o projeto neoliberal, alavancando um processo de retirada de direitos, aumentando consideravelmente o quadro de violência contra a mulher. Para isso, é preciso estar nas ruas combatendo essa política do ódio que atinge a todos, mas sobretudo as mulheres. A Marcha Mundial das Mulheres lançou no domingo, dia 08, a 5ª Ação Internacional cujo lema será “Resistimos para viver, marchamos para transformar”.
Na platéia, o evento contou com a presença de Elza Lobo, Clara Grinspum e outras companheiras que falaram um pouco de suas experiências no período da ditadura civil-militar, bem como dos retrocessos sofridos na atualidade.
Sendo este o último Sábado Resistente com a presença de Marília Bonas, coordenadora do Memorial da Resistência à frente da instituição, o Núcleo de Preservação da Memória Política estende o seu profundo agradecimento pela parceria e profissionalismo desta, e deseja seus votos de sucesso na nova caminhada.