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NÚCLEO MEMÓRIA

Direitos humanos |   Morre Alípio Raimundo Vianna Freire

 

Alípio Freire nasceu no dia 04 de novembro de 1945, na cidade de Salvador (Bahia).  Jornalista, escritor e artista plástico, Alípio foi militante ativo da organização de resistência à ditadura Ala Vermelha, grupo dissidente do PC do B. Nesta condição, foi preso pelas forças de repressão no ano de 1969, aos 24 anos. Após um período de três meses de intensos interrogatórios e torturas, foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde permaneceu até 1974.

Depois da prisão, Alípio seguiu militando pelo retorno à Democracia, tendo exercido inúmeras atividades como jornalista, destacando-se sua atuação no ABCD Jornal, editado entre 1975 e 1982. Também foi atuante no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e na Associação Brasileira de Imprensa, além de ter sido um dos editores da revista Sem Terra, publicação do MST.

Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), ocupando a vice-presidência do seu Diretório Regional entre 1980 e 1983.

Alípio foi um dos organizadores do livro “Tiradentes, um Presidio da Ditadura”, publicado no ano de 1995, com importantes depoimentos sobre este presidio em São Paulo. Também foi um dos expoentes na luta pela transformação do DEOPS-SP no Memorial da Resistência, tendo colaborado intensamente no processo de implantação dessa importante Instituição. A partir do ano 2003, foi um dos fundadores do Núcleo de Preservação da Memória Política e seu presidente entre os anos de 2010 e 2012. Durante sua gestão, dirigiu o documentário 1964: um golpe contra o Brasil”, filme que retoma a memória do período de conspiração do golpe civil-militar no País e dos primeiros dias da ditadura de 1964. O filme foi produzido pelo Núcleo Memória com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura.

Dentre outras publicações, Alípio foi autor e organizador do livro Contos Brasileiros, publicado em 2005 pela Editora Expressão Popular, e autor do livro de poesias “Estação Paraíso”, publicado pela mesma editora em 2007.
Como artista plástico, teve uma importante produção entre pintura e desenhos, que compuseram várias exposições individuais e com obras de outros ex-presos políticos.

Alípio também foi curador de diversas exposições, entre elas “A Luta pela Anistia: 1964 – ?”, realizada pelo Memorial da Resistência em 2009 em parceria com o Arquivo Público do Estado, em rememoração aos trinta anos da promulgação da Lei de Anistia, e “Insurreições – expressões plásticas nos presídios políticos de São Paulo”, em 2013, no Memorial da Resistência, com obras produzidas entre os anos de 1960 e 1970 por presos políticos em cinco presídios de São Paulo. Além de curador, colaborou com várias exposições sobre o artista Antonio Benetazzo, um dos desaparecidos políticos, como a mostra “Antonio Benetazzo, permanências do sensível”, que teve a curadoria de Reinaldo Cardenuto, promovida em 2016 pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. O catálogo foi publicado no mesmo ano com um texto do Alípio referindo-se às 90 obras que fizeram parte da mostra.

Assim como para milhares de brasileiros e brasileiras, a pandemia do Covid-19 nos privou de conviver com Alípio Freire por mais tempo, além de nos tirar o direito de nos despedir do nosso amigo querido. Mas, com certeza, Alípio continuará nos inspirando na contínua luta por Justiça e Democracia.


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