Como forma de reconhecimento de Maurice Politi por sua trajetória e contribuição na luta política pela democracia no Brasil, inclusive por todo sofrimento vivido nos “porões” das prisões da Cidade de São Paulo e mesmo assim ter escolhido voltar e se estabelecer na cidade, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a concessão do título de Cidadão Paulistano ao defensor dos Direitos Humanos e da Preservação da Memória Política. A solicitação foi feita pela Deputada Federal Juliana Cardoso (PT) e a cerimônia de entrega do título será na segunda-feira, dia 17/04, na Câmara Municipal (Viaduto Jacareí, número 100), às 19h00.
Nascido no Egito, Maurice Politi emigrou com a família para o Brasil com a idade de 9 anos. Termina os estudos primários e secundários em São Paulo, ingressando no ano de 1968 na Escola de Comunicações Culturais (atual Escola de Comunicação e Artes) da Universidade de São Paulo, onde iniciou o curso de Jornalismo. Atuante no movimento estudantil contra o regime militar, foi também militante do setor de apoio logístico do grupo revolucionário ALN (Ação Libertadora Nacional). Em razão desta militância, foi preso em março de 1970, sendo condenado a quatro anos de prisão política, passando por 9 diferentes prisões e 36 celas diferentes no Estado de São Paulo.
Depois de cumprido a totalidade de sua pena, foi finalmente liberado em março de 1974, mas com um novo processo de expulsão do país instaurado contra ele, devido à sua condição de apátrida. Por causa deste novo processo movido pela Delegacia de Estrangeiros em São Paulo, teve o status de “liberado condicional” durante o ano de 1974, sendo finalmente expulso do país em 1975. Passou então cinco anos como exilado em Israel, regressando ao Brasil no ano de 1980, após a decretação da anistia, quando foi revogada a sua expulsão e lhe foi devolvida dez anos depois, em 1985, a nacionalidade brasileira.
De volta ao Brasil, passou a trabalhar para uma empresa multinacional no campo da exportação e controle de qualidade. Nesta empresa trabalhou 27 anos, sendo 20 anos em cinco diferentes países: Peru, México, Quênia e Argentina. Voltou definitivamente a São Paulo no ano de 2004. Desde 2007, milita no campo dos direitos humanos e da memória política na qualidade de pesquisador e assessor de conteúdo e palestrante. Foi fundador da organização não governamental Núcleo de Preservação da Memória Política.
Desde 2009, tem forte atuação junto a redes nacionais e internacionais de sítios de memória, como a Rede Latino-Americana e Caribenha de Sítios de Memória, a Coalizão Internacional de Sítios de Memória e a Rebralum - Rede Brasileira de Lugares de Memória.
Em fevereiro de 2010, foi convidado pelo Ministro Chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para coordenar como assessor especial, em Brasília, o Projeto Direito à Memória e à Verdade da SDH. Nesta função permaneceu até fevereiro de 2011 na coordenação da edição de livros, projetos expositivos e na pesquisa e articulação para a instalação de quatorze Memoriais em homenagem a mortos e desaparecidos políticos em vários Estados da Federação.
Integrou o Fórum de ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo e desde 2009 é diretor administrativo do Núcleo Memória, impulsionando políticas públicas na preservação da memória política e realizando ações em lugares de memória da capital paulistana como o antigo DOI-Codi, Memorial da Resistência e Memorial da Luta Pela Justiça.
SERVIÇO
Cerimônia de entrega do título de Cidadão Paulistano para Maurice Politi
Segunda-feira (17/04), às 19h00
Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, número 100)