No dia 3 de dezembro, ocorreu a oitava e última aula do curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil, que proporcionou aos alunos uma visita ao espaço que abrigou o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na cidade de São Paulo.

Localizado na Rua Tutóia, 921, no bairro Vila Mariana, onde hoje funciona a 36ª Delegacia de Polícia do distrito, a visita mediada foi conduzida pelo historiador e educador do Núcleo Memória (NM), César Novelli Rodrigues, em parceria com o Diretor Executivo do NM e ex-preso político, Maurice Politi.

A aula começou com César Novelli recapitulando as sete aulas anteriores, destacando como cada tema foi explorado em uma sequência cronológica:

• 60 anos do golpe de 1964 e a tradição de intervencionismo militar no Brasil, com Carlos Fico;
• Estruturação e operação do aparato repressivo, apresentada por Maurice Politi;
• Resistências políticas na luta pela democracia, com Oswaldo Oliveira;
• Os conceitos de Lugares de Memória e as experiências brasileiras, apresentada por Julia Gumieri;
• Experiências internacionais de Lugares de Memória, lecionada por Flávio Bastos;
• Democracia brasileira e suas fragilidades, com Renan Quinalha;
• Potenciais da educação em e para os direitos humanos no Brasil a partir de Lugares de Memória, com Renan Beltrame e César Novelli Rodrigues;
• Visita Mediada ao antigo DOI-Codi/SP, com César Novelli Rodrigues e Maurice Politi.

Pensando que a Visita Mediada ao espaço aborda e contextualiza o período que foi criado o DOI-Codi/SP e reflete sobre políticas e medidas colocadas em prática pelo regime, foi de suma importância refletir sobre os temas abordados nas aulas anteriores.

A implementação do regime militar e suas políticas de repressão pós golpe de estado, desencadeia na estruturação e organização dos aparatos repressivos. Em contraponto, grupos populares e familiares de vítimas da ditadura se juntaram para combater e denunciar os abusos cometidos pelo estado, luta essa que, futuramente, seria contada e apresentada em Lugares de Memória.

Durante a visita, o grupo discutiu o contexto histórico em que o DOI-Codi foi criado e as políticas repressivas implementadas pela ditadura militar. Maurice Politi fez uma apresentação detalhada, abordando a Operação Bandeirantes (OBAN) em 1969 e sua transição para o DOI-Codi em 1970, como principal aparato repressivo do regime.

Os participantes visitaram o estacionamento do local, observando o anexo que conectava ao prédio principal e a entrada pela Rua Dr. Tomás Carvalhal, atualmente fechada. Relatos de presos políticos, como Ivan Seixas e Amelinha Teles, foram compartilhados, enriquecidos por fotografias exibidas para contextualização visual.

Depois, como de costume, os participantes são convidados a entrar no prédio e visitar os dois andares e as salas onde eram praticadas as torturas e cujo local os presos ficavam detidos. Nesses espaços a equipe do Núcleo Memória relembra situações de presos políticos que passaram por lá, como é o caso do Jornalista, Ivan Seixas, e de Amelinha Teles.

Além disso, foi abordado o trabalho arqueológico realizado no DOI-Codi/SP pelo Grupo de Trabalho DOI-Codi, em colaboração com universidades como UNICAMP, Unifesp e UFMG, além do Núcleo Memória.

No encerramento da visita, os participantes foram convidados a compartilhar suas impressões, promovendo um debate com a equipe do NM sobre a experiência vivenciada.

Pela primeira vez, o curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil, realizado desde 2023, ocorreu em parceria com o Sesc Vila Mariana, cuja unidade fica próxima ao DOI-Codi/SP e que busca, constantemente, realizar projetos voltados ao debate sobre direitos humanos no país. O Núcleo Memória agradece a parceria e o cuidado de toda a equipe da unidade para que fosse realizado mais uma edição do curso.

As edições anteriores do curso estão disponíveis no canal do Núcleo Memória no YouTube e podem ser acessadas por meio deste link.