Ao receber o Relatório Final da Comissão Estadual da Verdade do Rio (CEV-Rio) em
dezembro de 2015, o governo do Rio de Janeiro anunciou, atendendo à demanda da
sociedade civil, a criação de um órgão permanente de memória e verdade, com o condão de
promover políticas públicas na área. Foi criada, assim, a Coordenadoria Estadual por Memória
e Verdade no âmbito da Superintendência de Promoção dos Direitos Humanos da Secretaria
de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH/RJ - Secretaria Estadual de
Assistência Social e Direitos Humanos).
A Coordenadoria trabalhou ao longo de 2016 mantendo a mesma proximidade com a
sociedade civil que marcou a atuação da CEV-Rio.
Assim, foi com indignação que recebemos a notícia de que a atual equipe da Coordenadoria
Estadual por Memória e Verdade será exonerada. Os assessores técnicos da pasta têm
reconhecida trajetória de militância e reflexão sobre o tema, e vinham desenvolvendo um
trabalho pioneiro no Brasil, que agora sofre com a ameaça de desmonte e esvaziamento.
Tal desmonte ameaça diretamente todas as políticas públicas que vinham sendo desenhadas
para a área. Dentre elas, o monitoramento do cumprimento das recomendações da CEV-Rio, a
continuidade das pesquisas e investigações, e a coletas de novos testemunhos.
De forma mais direta, inviabiliza a consecução do objetivo prioritário da Coordenadoria: a
organização e entrega do acervo da Comissão Estadual da Verdade do Rio para o Arquivo
Público do Estado do Rio de Janeiro Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ) A
disponibilidade do acervo no APERJ é de interesse público e será benéfica a pesquisadores,
jornalistas e cidadãos em geral.
Os documentos ali reunidos possuem não somente caráter probatório das graves violações de
direitos humanos cometidas durante a ditadura, mas também inestimável valor histórico.
Após longa incerteza sobre o destino da SEASDH, que se arrasta há meses, o governo decidiu
pela incorporação das pastas de assistência social e direitos humanos à Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Inovação.
A absurda fusão leva a crer que os cargos da SEASDH estão sendo utilizados como moeda de
troca do governo para rearticular sua base na Alerj e aprovar a privatização da CEDAE e a
segunda versão do pacote de maldades.
Em nome da aprovação de medidas impopulares que não conseguirão resolver a crise, o
governo do Estado acaba com importantes políticas públicas que vinham sendo adotadas.
Pelo acima exposto, exigimos que o governo do Estado do Rio de Janeiro se comprometa com
a continuidade das políticas públicas de memória, verdade e reparação, garantindo recursos e
a manutenção da atual equipe da Coordenadoria por Memória e Verdade.
Coletivo RJ Memória Verdade Justiça
Filhos e Netos por Memória Verdade Justiça
Projeto Clínicas do Testemunho do Rio de Janeiro
Movimento Ocupa Dops
Mandato do Deputado Federal Wadih Damous;
Mandato do Deputado Estadual Flavio Serafini;
Subcomissão da Verdade na Democracia;
Instituto de Estudos da Religião – ISER;
Faculdade Nacional de Direito – FND/UFRJ;
Centro de Documentação e Pesquisa da OAB-RJ;
Núcleo de Preservação da Memória Política - São Paulo;
Coletivo Catarinense Memória e Justiça;
Conselho Regional de Psicologia – RS;
Clinicas do Testemunho SP - Instituto Sedes Sapientiae;
Clínicas do Testemunho SP - Margens Clínicas;
Clínicas do Testemunho RS - Instituto APPOA;
Clínicas do Testemunho SC - Instituto APPOA.
Centro de Estudos de Reparação Psíquica- Instituto APPOA - SC;
Centro de Estudos de Reparação Psíquica - Instituto Sedes Sapientiae - SP;
Centro de Estudos de Reparação Psíquica - Margens Clínicas - SP;
Centro de Estudos de Reparação Psíquica – Instituto APPOA.