No mês de outubro, o Núcleo de Preservação da Memória Política (Núcleo Memória) realizou mais uma Coleta de Testemunho do Projeto de História Oral do Memorial da Luta pela Justiça, dessa vez com a professora e economista Leslie Beloque.
Natural de Monte Aprazível, interior de São Paulo, Beloque decidiu partir para a capital em 1967 e prestar o vestibular da USP. Firmou-se no Conjunto Residencial da USP (CRUSP) participando da agitação do movimento estudantil. Por conta da militância de seu irmão mais velho na Ação Libertadora Nacional (ALN), passou a ser procurada pelos órgãos de repressão e, consequentemente, decidiu integrar a legenda partindo para a clandestinidade.
Em janeiro de 1970 a economista é capturada, ficando detida em diversos locais de São Paulo, como no DEOP/SP, DOI-Codi/SP e, por último, no Presídio Tiradentes. Ao todo, ficou presa durante dois anos e nove meses, sendo solta em outubro de 1972. Durante a Coleta, lembrou como era importante a solidariedade entre os detidos nos momentos mais difíceis do cárcere.
Ao sair da prisão volta a estudar e entra para o curso de economia da UNICAMP. Em 1978 aceita um convite para ser professora na PUC-SP. Sobre o período após sua soltura, recorda das diversas vezes que voltou à Auditoria Militar para assinar o menagem - medida cautelar expedida ao acusado na Justiça Militar - e o quanto essa rotina atrapalhava sua vida pessoal e profissional.
Iniciado em 2017, o Projeto de História Oral do Memorial da Luta pela Justiça registrou, até o momento, o testemunho de 69 pessoas, entre advogados e réus que estiveram nas Auditorias Militares de São Paulo durante o período da ditadura militar, assim como representantes de entidades sociais que lutaram por justiça em um momento da História do Brasil marcado por injustiça.
Participaram da Coleta de Testemunho o historiador e pesquisador do Núcleo Memória, César Novelli Rodrigues, e o pesquisador voluntário, Danilo Zelic. O projeto continua nos próximos meses.