O Sábado Resistente do mês de outubro ocorreu no dia 19 e faz parte de uma série de debates mensais voltados para reflexões sobre a ditadura militar e seus desdobramentos contemporâneos. Nesta edição, discutimos a violência policial e a impunidade no Brasil. O historiador e educador do Núcleo Memória, César Novelli Rodrigues, apresentou os convidados desta edição: Benedito Mariano, sociólogo, ex-secretário municipal de Segurança Pública em São Paulo, Osasco e Diadema e defensor dos direitos humanos, e Solange Oliveira Antônio, fundadora e ativista do Movimento Mães em Luto da Zona Leste, que busca justiça para as vítimas da violência policial.
O debate começou com a apresentação de dados alarmantes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, que registrou 6.393 mortes causadas por intervenções policiais. Destas, 82,7% das vítimas eram pessoas negras, destacando uma disparidade racial significativa nas práticas policiais. Benedito Mariano apontou que essa desigualdade reflete falhas profundas no sistema de segurança pública, que não foi reformado de maneira eficaz desde a redemocratização do Brasil. Esse legado autoritário e discriminatório, enraizado em mais de 350 anos de escravidão, persiste nas abordagens policiais voltadas para comunidades marginalizadas.
Solange Oliveira Antônio compartilhou sua experiência pessoal e comovente ao relatar a execução de seu filho, Victor, por um policial, trazendo à tona a dor das mães periféricas que perderam seus filhos para a violência do Estado. “Depois que o Victor morreu, minha vida mudou totalmente, eu não vivo, eu sobrevivo. Assim como todas as mães que enterraram seus filhos”, disse. Sua fala destacou o impacto emocional e as dificuldades enfrentadas por essas famílias na busca por justiça em um sistema que frequentemente falha em responsabilizar os culpados.
Ao final, o evento reforçou a urgência de reformas nas práticas de segurança pública e a importância do engajamento da sociedade civil na luta por mudanças. Este debate foi essencial para lembrar que a violência do Estado contra comunidades marginalizadas ainda é um desafio no Brasil. Discussões como essa mantêm vivas as memórias de lutas passadas e estimulam a reflexão sobre o presente, incentivando a sociedade a buscar soluções para uma segurança pública mais justa e inclusiva.
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