No centro, César Novelli Rodrigues, mediando a conversa, acompanhado por Airton Soares, à direita, advogado e ex-deputado federal, e Flávio Leão Bastos, à esquerda, advogado, professor da Universidade Mackenzie e especialista em direitos humanos.
O mês de setembro contou com dois eventos do Sábado Resistente. No dia 7, discutiu-se o papel dos lugares de memória na América Latina. Já no dia 28 de setembro, às 14h, o Memorial da Resistência de São Paulo e o Núcleo de Preservação da Memória Política promoveram uma reflexão sobre os legados da ditadura militar brasileira, que suprimiu a democracia, instaurando um governo autoritário com severas restrições às liberdades civis. Durante esse período, partidos políticos foram extintos e a participação popular foi limitada. Como consequência, criou-se um legado de desconfiança nas instituições democráticas, dificultando a construção de uma cultura política participativa.
Com a Constituição de 1988, o voto popular foi restaurado e a democracia voltou a ser estabelecida no país. Contudo, atualmente, a guerra cultural e o negacionismo ameaçam abalar a democracia.
O debate contou com a mediação de César Novelli Rodrigues, historiador e pesquisador do Núcleo Memória, e com a participação de Airton Soares, advogado que se destacou na defesa de presos políticos durante a ditadura e foi deputado federal em diversos mandatos, e Flávio Leão Bastos, advogado, professor da Universidade Mackenzie e especialista em direitos humanos.
Ulysses Guimarães ergue a Constituição de 1988, em uma foto icônica utilizada para a divulgação do evento Sábado Resiste.
César iniciou o debate explicando a escolha da foto que ilustra o encontro do dia 28: Essa imagem é simbólica e relevante. Ela representa a superação de um período de repressão e autoritarismo, marcado pela violação sistemática dos direitos e da cidadania. A Constituição de 1988 foi um marco na redemocratização. Ao destacar Ulysses Guimarães segurando a Constituição, queremos reforçar a ideia de resistência, e não apenas lembrar os abusos cometidos ao longo dos 21 anos de ditadura.
Flávio Bastos, em sua fala, utilizou trechos da Constituição de 1988 e conectou-os com questões atuais, abordando temas como crimes ambientais, a ascensão da extrema-direita e a violência de gênero, destacando a importância do voto consciente: O voto do ministro Alexandre de Moraes, o voto de um grande empresário e o voto da Dona Maria, que acorda às 4h da manhã, leva duas horas para chegar ao trabalho e cuida de quatro filhos sozinha, têm o mesmo peso. Todos têm o mesmo valor.
Seguindo a temática da Constituição de 1988, Airton Soares fez uma retrospectiva do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido do qual fez parte. Ele relembrou como o grupo de deputados de oposição, conhecido como os autênticos do MDB, teve um papel crucial na resistência parlamentar contra a ditadura militar. Ao final de sua fala, Soares ressaltou a importância do Sábado Resistente: Este espaço que ocupamos hoje foi conquistado por lutas anteriores e, felizmente, não foi alvo de intervenção do Estado. Ainda temos, felizmente, um espaço como este que nos permite continuar resistindo.
Este debate foi especialmente relevante, considerando que estamos em um ano de eleições para prefeito e vereador, momentos cruciais para a democracia local. O público, tanto presencial quanto online, participou ativamente, contribuindo com comentários e questões que enriqueceram a discussão e reforçaram a importância de se refletir sobre o passado autoritário e seu impacto na política atual.
Para assistir ao Sábado Resistente na íntegra, acesse o canal do Núcleo Memória no YouTube: