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EDITORIAL |
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Depois de um período de recesso, estamos de volta com nosso Boletim, desejando, mesmo tardiamente, a todos que acompanham os trabalhos do Núcleo Memória, um ótimo ano de 2024. Não podemos deixar de começar este editorial sem nos referirmos o quão importante este ano significa para as lutas por Memória, Verdade, Justiça e Reparação. Há 60 anos atrás, o país foi atravessado por um golpe civil-militar, que iniciou uma ditadura de 21 anos, e que deixou cicatrizes abertas que não fecharam até os dias de hoje. É compromisso desta entidade e de seus membros a luta pela preservação da memória resistente daqueles dias, assim como estabelecer pontes entre aquele passado e o presente, contribuindo para a construção coletiva de um futuro melhor. Desta forma, o Núcleo Memória continuará trabalhando em diversas frentes, tais como os Sábados Resistentes, o programa de Visitas Mediadas ao antigo DOI-Codi/SP, o curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil, a pesquisa de conteúdo para o Memorial da Luta pela Justiça, a participação em redes de lugares de memória como a RESLAC e a Rebralum entre outros, além do Grupo de Trabalho DOI-Codi. Para o mês de março, o Núcleo Memória vem trabalhando na coordenação da IV Caminhada do Silêncio, evento que consta no calendário oficial da cidade de São Paulo e que neste ano será realizada no dia 31 de março, quando o golpe completará 60 anos. A intenção dessa “descomemoração” é congregar pessoas, entidades e coletivos que lutam historicamente por Memória, Verdade e Justiça, bem como toda a sociedade, para que juntos possamos homenagear os mortos e desaparecidos e lutar para que nunca mais aconteça uma ditadura em nosso país. No campo político, pudemos observar a ponte presente-passado quando tivemos acesso aos detalhes da operação “Hora da Verdade”, deflagrada no início de fevereiro pela Polícia Federal, com o indiciamento e prisão de várias autoridades que figuram como parte do núcleo ativo de uma tentativa de Golpe que teve seu auge nos acontecimentos ocorridos em Brasília, no dia 8 de janeiro. O não acerto de contas com o passado, anistiando quem matou e torturou entre 1964 e 1985, faz com que tentativas de golpe de Estado ainda aconteçam. O envolvimento pessoal do ex-presidente Bolsonaro, assim como de alguns integrantes de seu ministério e da cúpula das Forças Armadas, evidenciado nas provas obtidas pela Polícia Federal, assim como na delação premiada de seu ajudante de ordens, Mauro Cid, leva-nos a indagar que evidências ainda são necessárias para a decretação da prisão do ex-presidente, mesmo sabendo de antemão que sua prisão traria como uma das consequências a sua transformação num “mártir” pelos seus seguidores. Mesmo assim, somos da opinião que o trabalho da Polícia Federal, assim como os devidos processos conduzidos pelo STF, deve seguir seu curso dentro da legalidade até o desbaratamento total não só da quadrilha golpista que pôs em questão, através de Fake News, os resultados eleitorais, como também subverteu a própria estrutura institucional e hierárquica das Forças Armadas, pregando a rebelião de subalternos versus seus comandantes. Apesar das evidências das provas colhidas, de acordo com as pesquisas Atlas Intel 42% das pessoas entrevistadas são contrárias à prisão do capitão e mais de 20% não acreditam que houve uma tentativa de Golpe. Foi reforçado por estas pesquisas que o pastor Malafaia, o próprio Bolsonaro e alguns governadores convocaram no dia 25 de fevereiro uma manifestação de apoio ao ex-presidente com a presença de mais de 150.000 pessoas, segundo estimativa de um laboratório da USP. Nesta oportunidade, o ex-presidente, mudando o tom de seu discurso habitual, pregou a convivência fraterna, o esquecimento do passado e se atreveu a propor uma anistia para todos os envolvidos, inclusive ele mesmo. Desnecessário dizer que somos contrários a qualquer tipo de anistia aos que arquitetaram o Golpe de Estado, assim como a seus comparsas que serviram de “carne de canhão” nos desmandos do dia 8 de janeiro. Sem anistia para golpistas! Vale ressaltar, também, nosso posicionamento contra as falas do Presidente Lula, que em entrevista à RedeTV disse que não quer "remoer o passado", a respeito do golpe militar de 1964. O Núcleo, entre mais de 150 entidades, assinou o texto da Coalizão Brasil por Memória e Justiça intitulado FALAR SOBRE 64 NÃO É REMOER O PASSADO, É DISCUTIR O FUTURO. Você pode ler o texto clicando aqui. Por isso, é na luta por valores democráticos fortalecidos e perenes que nos posicionamos, desde o ano de fundação do Núcleo Memória, em 2009. Justamente por respeito aos seus integrantes, seus associad@s e amig@s é que, neste ano em que comemoramos nosso 15º ano de existência, fazemos um apelo a todos os nossos leitores e leitoras para o contínuo apoio às nossas atividades educativas-culturais. Não podemos ignorar o conflito em curso entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que já resultou em milhares de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças. A urgência de um cessar-fogo é evidente para preservar vidas, e é imperativo buscar ativamente a criação do Estado Palestino como parte fundamental para alcançar uma paz duradoura na região. Finalmente, não podemos encerrar este editorial sem nos referirmos à companheira Elza Ferreira Lobo, fundadora de nossa entidade, que nos deixou no último dia 24 de fevereiro. Elza permanecerá sempre em nossos pensamentos como um exemplo de amizade, solidariedade e militância em prol de uma sociedade mais justa. Boa Leitura!
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ATIVIDADES EDUCATIVAS-CULTURAIS | ||||
Núcleo Memória realiza visita de jornalista polonês ao antigo DOI-Codi |
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No dia 30 de janeiro, o Núcleo Memória recebeu a visita do jornalista polonês Artur Domoslawski nas dependências do antigo DOI-Codi, centro de torturas mais conhecido durante o regime militar. O prédio, tombado pelas autoridades do Estado desde 2014, é um símbolo desse período sombrio da história brasileira. Leia mais… |
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Núcleo participa do lançamento do programa Reconexões no Museu Lasar Segall |
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No dia 18 de janeiro, os diretores do Núcleo, Katia Felipini e Maurice Politi, marcaram presença no Museu Lasar Segall para o evento de divulgação do lançamento do programa Reconexões do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e do futuro Museu da Democracia. A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, a presidente do IBRAM, Fernanda Castro, a presidente do Icom-Brasil e servidora do IBRAM, Vera Mangas, a Diretora do Sisem (Sistema Estadual de Museus), Renata Cittadin, e a coordenadora do GT Doi-CODI, Déborah Neves, também estiveram presentes. | ||||
Visita mediada leva público ao antigo DOI-Codi de São Paulo | ||||
No último dia 21 de fevereiro, o Núcleo Memória realizou a primeira visita mediada de 2024 ao espaço da antiga DOI-Codi do II Exército em São Paulo. Na ocasião, o grupo de 22 pessoas pôde conhecer mais sobre o centro de repressão, que mais vitimou durante a ditadura militar, e há 10 anos é considerado patrimônio cultural do Estado de São Paulo. Leia mais… | ||||
Especial Aconteceu na Ditadura | ||||
Em memória aos 60 anos do golpe de 1964, preparamos uma série de posts sobre as repressões e resistências desse período histórico. O especial “Aconteceu na Ditadura” relatará, dia após dia, alguns dos principais eventos que marcaram os anos entre 1964 e 1985. É importante destacar que este projeto aborda um recorte específico e não tem a intenção de abranger todos os eventos dessas duas décadas repletas de acontecimentos políticos. Para acompanhar, basta acessar o site do Núcleo Memória ou nos seguir nas redes sociais! | ||||
MEMORIAL DA LUTA PELA JUSTIÇA | ||||
Visita técnica da pesquisa no Museu do Ipiranga |
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No dia 23 de fevereiro, a equipe de pesquisa em história e educação, responsável pelo planejamento da futura exposição e das ações educativas do Memorial da Luta pela Justiça, esteve presente numa visita técnica com Isabela R. Arruda, do setor de educação, no Museu do Ipiranga. Leia mais… |
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PRÓXIMOS EVENTOS | ||||
Programa de visita mediada ao DOI-Codi Sábado Resistente: Os antecedentes e desdobramentos do Golpe Civil-Militar de 1964 4ª Caminhada do Silêncio |
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