Memória em Ação
agosto/24

EDITORIAL

O mês de agosto, que é conhecido como “mês do cachorro louco” e que se qualifica popularmente como o “mês do ano que mais demora em passar”, foi pródigo em notícias.

No início do mês, a queda de um avião, ocorrido na cidade de Vinhedo, em São Paulo, comoveu a todos, provocando 62 mortes e sendo considerado como o quinto acidente aéreo com maior número de vítimas no Brasil.  Esse fato causou um alerta e várias perguntas relacionadas à segurança das companhias aéreas.

No campo da política externa, as eleições na Venezuela provocaram uma série de reações dignas de nota, umas a favor da não intervenção no país vizinho, outras pressionando o governo brasileiro a não aceitar seus resultados e posicionar-se ao lado de mais de 15 países que declararam não reconhecer seus resultados. Este tema ainda deverá dar muito “pano para manga” e certamente definirá os rumos do continente em relação à observância de regras eleitorais claras e transparentes.

Na política interna, este mês também viu a definição das candidaturas para as próximas eleições municipais em todo o país, com fortes apelos para uma participação mais efetiva da população.  Deve-se destacar a virulência das mentiras e fake news que, lançadas pelas candidaturas da extrema direita, surfam na onda populista e negacionista que teve sua origem ainda no governo passado. Esta será uma disputa acirrada e, certamente, o tema político principal do mês de setembro.

Também ocuparão as manchetes dos próximos meses as iniciativas do Congresso, que buscam anular as condenações impostas a Bolsonaro, de maneira a suspender a inelegibilidade que o impede de disputar cargos eletivos até 2030. Neste sentido, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal aprovou, no dia 22 de agosto, parecer favorável a um projeto de autoria da deputada Dani Cunha, filha do famigerado Eduardo Cunha, que reduz o tempo de inelegibilidade para políticos que tenham sofrido condenações em segunda instância. A Câmara dos Deputados já aprovou a proposta, que deverá ser votada em breve no plenário.

No campo da economia, felizmente, o país continua a avançar de forma positiva, embora a taxa de inflação do mês de julho tenha sido ligeiramente superior à prognosticada (0,38%, quando se esperava 0,30%), levando o índice anual a 4,5%, que é o limite máximo fixado pelo governo. Mas, dados apresentados no final do mês pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostraram que o desemprego recuou a 6,8% em julho, sendo esta, a menor taxa da história para o mês. No quesito das contas públicas, viu-se que a arrecadação federal de tributos bateu recorde em julho, superando a máxima histórica registrada em 1995. Quando somados os sete primeiros meses de 2024, a arrecadação chega a R$ 1,5 trilhão (US$ 269 bilhões), um desempenho recorde, que fica 9,15% acima do crescimento da inflação. Finalmente, no fim do mês, o anúncio da nomeação do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, trouxe a esperança de que, uma vez aprovado em sabatina pelo Senado, o novo presidente, que tomará posse em janeiro, será certamente mais alinhado com Lula do que o atual presidente da instituição.

Malgrado estas boas notícias no campo da economia, não podemos esquecer que, de acordo a indicadores que compõem o Observatório Brasileiro das Desigualdades revelados durante este mês, reafirmou-se que, mesmo sendo o Brasil a oitava maior economia do planeta, é também o oitavo país mais desigual do mundo, só perdendo  para sete nações africanas. Os dados também mostram que a concentração de renda no Brasil permanece em patamares elevados: o 1% mais rico tendo rendimento médio mensal per capita 31,2 vezes maior do que os 50% mais pobres.

Não podemos finalizar este editorial sem louvar o retorno efetivo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, no âmbito do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. Uma iniciativa que, desde o fim do governo passado, foi objeto de reivindicações da Comissão de Familiares e outras entidades da sociedade civil.

Neste mesmo teor, merecem destaques a iniciativa do mesmo Ministério em transformar o centro de detenção e morte clandestino de Petrópolis, conhecido como “Casa da Morte”, num Memorial para os Direitos Humanos, assim como o Acordo de Cooperação que foi assinado com a OAB-SP e o Núcleo Memória, no início do mês,  para a implantação do Memorial da Luta pela Justiça em São Paulo.

Provocados por estas notícias aqui apenas resumidas, a equipe do Núcleo Memória seguiu com suas atividades regulares, preparando-se para um segundo semestre repleto de realizações: em setembro, o Sábado Resistente relacionado ao processo do NUNCA MAIS na Argentina e Brasil com a abertura de duas exposições temporárias no Memorial da Resistência de São Paulo e as atividades de visitas mediadas ao DOI-Codi. Soma-se a isso os preparativos para as atividades do mês de outubro: o início de nosso curso anual “Lugares de Memória e Direitos Humanos” e a inauguração da exposição “Ausências”, do fotógrafo Gustavo Germano, no Centro Cultural Diadema.

Acompanhem-nos em nossas redes sociais e boa leitura!


ATIVIDADES EDUCATIVAS-CULTURAIS

Sábado Resistente faz debate sobre Religião e Política

 

No último sábado, 17 de agosto 2024, o Memorial da Resistência de São Paulo, em parceria com o Núcleo de Preservação da Memória Política, promoveu mais uma edição do Sábado Resistente, evento que se consolida como um espaço fundamental para o debate e reflexão sobre a história política do Brasil. Leia mais...


 

Visitas mediadas ao antigo DOI-CODI/SP em agosto

 

No mês de agosto, o Núcleo Memória realizou duas visitas mediadas ao antigo DOI-Codi. A visita mensal foi realizada no dia 22 e no dia 30, foi a vez de receber o grupo de alunos do curso “Empresariado e Ditadura no Brasil”, ministrado pelo professor e pesquisador Gabriel Teixeira. Leia mais...

 

Atividade com o Sesc Itaquera

 

No dia 28 de agosto, o Núcleo Memória, representado pelo seu diretor executivo Maurice Politi, participou de uma atividade promovida pelo SESC Itaquera com o tema Memórias de um outro tempo: Ditadura e Democracia na História Brasileira”. Leia mais...

 
INSTITUCIONAL
 
Petropolis – Avançam as gestões para a constituição de um Centro de Memória na casa conhecida como “Casa da Morte”
 
 

No dia 16 de agosto, o Núcleo Memória através de seu diretor Maurice Politi foi convidado a participar da reunião sobre as tratativas de desapropriação do imóvel conhecido como “Casa da Morte” na cidade de Petrópolis (RJ) para futura implantação de centro de memória no local. Leia mais...

 
Pesquisa MLPJ: Coleta de Testemunho - Agosto
 
 

No mês de agosto, o Núcleo Memória continuou os trabalhos relacionados ao projeto de História Oral do Memorial da Luta pela Justiça. Foram entrevistados o psicanalista Leopold Nosek e a jornalista Neusa Maria Pereira. Leia mais...

 
 
PRÓXIMAS ATIVIDADES
 

Sábado Resistente: Uma vertigem visionária - Brasil: Nunca Mais
07/09, 14h30
Local: Memorial da Resistência

Programa de Visita Mediada ao antigo DOI-Codi/SP
21/09, 10h
Local: Rua Tutóia, 921

 

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