Boletim - Núcleo Memória

Memória em Ação

Boletim Outubro/22

EDITORIAL

O resultado do segundo turno das eleições trouxe uma nova onda de esperança que chegou como uma árdua recompensa a todas e todos que sentiram e sobreviveram ao desgoverno e a insanidade que reinou no Brasil nos últimos quatro anos, assim como para aquelas e aqueles que lutam pela Democracia em nosso país.

Embora com uma margem estreita em termos do número de votos, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu provar que, por mais que o Governo Federal tenha utilizado, de forma criminosa e ilegal, inúmeros mecanismos financeiros tais como o orçamento secreto ou a distribuição de auxílios para a manipulação dos votos de parte da população, o resultado foi uma adesão da maioria dos eleitores ao retorno da normalidade democrática.

O sentimento geral de alívio após a divulgação dos resultados foi um sinal positivo, evidenciando que a estratégia de formar uma ampla frente anti-Bolsonaro foi o passo correto para vencer o gabinete do ódio e os milhares de fake news que se espalharam durante boa parte dos últimos quatro anos, mas sobretudo durante a campanha eleitoral. E, apesar de termos assistido estarrecidos nos últimos dias do mês a espetáculos deploráveis de aliados do governo (Roberto Jefferson e Carla Zambelli), continuamos acreditando que a esperança venceria o medo, a intolerância, o fundamentalismo e a manipulação religiosa. E assim, o sorriso e a esperança voltaram ao rosto de brasileiros e brasileiras.

No entanto, uma coisa é certa: se o Bolsonaro se vai finalmente no próximo mês de janeiro, o bolsonarismo fica e este seguirá testando os nervos do regime democrático. Imediatamente após os resultados divulgados, um suposto movimento “espontâneo” de caminhoneiros tomou conta de quase todas as estradas do país, bloqueando os caminhos e a entrada das principais cidades, com pedidos de intervenção militar. O movimento, orquestrado desde há algumas semanas na previsão da derrota do presidente, visa levar ao caos e desabastecimento e se emula em movimentos similares, como no governo Temer e nas experiências recentes no Chile e Argentina.

O Núcleo Memória, que tem atuado ao longo de sua existência na preservação e disseminação da memória política da ditadura militar e na educação em Direitos Humanos, coloca-se frontalmente contrário a qualquer manifestação que vise a volta dos militares ao comando do país. Ao contrário, nos colocamos ao lado de mulheres e homens que trabalhem em prol de uma cultura cidadã e pelos valores da democracia, tolerância e respeito para toda a sociedade brasileira.

Para isto, seguiremos nossas atividades de forma regular e contínua, tais como as desenvolvidas neste mês de outubro, das quais poderão ter os detalhes neste Boletim, entendendo ser fundamental conhecer o passado para entender o presente e construir o futuro.

Boa Leitura!

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ATIVIDADES CULTURAIS

Sábado Resistente debate a democracia para além do voto

No sábado, dia 15 de outubro, foi realizado o sétimo Sábado Resistente do ano no Auditório Vitae (5º andar do Memorial da Resistência). A edição também foi transmitida através dos canais do Youtube do Núcleo Memória @nucleomemoria, Facebook do Memorial da Resistência @memoriadaresistenciasp e do Tutaméia @TutameiaTV. Clique aqui para assistir.

Dando continuidade à temática geral que aborda aspectos da historicidade do processo de construção da cidadania do povo brasileiro, a edição do mês de outubro teve como tema “Eu votei! E agora? A história da cidadania brasileira, sistemas de controle e monitoramento político no Brasil”. Para se debruçar sobre a questão, o Núcleo Memória e o Memorial da Resistência convidaram para participar da mesa os professores Jaime Pinsky, historiador e professor renomado, e Flávio de Leão Bastos Pereira, advogado e especialista em direito eleitoral.