EDITORIAL
A “guerra” das vacinas que se instalou no país foi a tônica dos debates deste mês que passou. Ao invés de se começar a traçar um plano coerente de vacinação, as mais altas autoridades do país se digladiaram em função da “nacionalidade” dos vários tipos de vacinas que estão ainda em fase final de testes. E o Presidente da República pessoalmente colocou-se em oposição à vacinação geral, fazendo afirmações jocosas a respeito dos vários esforços empreendidos pelas autoridades da saúde nos Estados para agilizar a finalização destes testes e a programação urgente de vacinar a população.
Isso tudo acontece quando ainda temos uma média de 400 óbitos/dia derivados da COVID-19 no Brasil, cifra que, mesmo sendo a menor que já tivemos este ano, é um número assustador que enluta as famílias brasileiras. Se olhamos para a Europa, vemos que em muitos países daquele continente estão ocorrendo as chamadas “segundas ondas”, com um aumento impressionante de casos e óbitos. Por isso, a necessidade urgente de que se tome, em nosso país, ações concretas para que não passemos em breve pela mesma situação.
Além do negacionismo no campo da saúde, também vimos este mês as disputas entre os ministérios e os vários pronunciamentos dos ministros responsáveis pelo Meio Ambiente, que não impediram o fogo intenso do Pantanal nem o desmatamento cada vez maior na região amazônica. Com isso, acentuou-se o fosso que nos separa das várias nações do mundo que advogam pela preservação do Meio Ambiente como uma forma de garantir o futuro das gerações que habitarão o planeta.
No entanto, nem todas as notícias foram ruins durante o mês: as eleições presidenciais na Bolívia e o plebiscito no Chile renovaram as esperanças de um renascimento democrático e mostraram a força que pode ter a sociedade civil quando organizada em torno da defesa dos Direitos Humanos e dos valores democráticos. Todos os que prezam e valorizam o Estado de Direito viram com satisfação esses resultados e nós, do Núcleo Memória, reverberamos em nossas redes sociais as duas notas de júbilo que os quase 70 membros da Rede Latino Americana e Caribenha de Lugares de Memória (RESLAC) assinaram.
No mês que se encerrou, continuamos com nossas atividades de modo virtual com o nosso Sábado Resistente mensal, que teve uma audiência recorde, e duas lives do projeto “Conhecendo os Lugares de Memória”. Um fato importante foi a retomada das visitas presenciais ao futuro Memorial da Luta pela Justiça, obedecendo a rígidos protocolos de segurança, com uma delegação de representantes da Associação Heinrich Plagge, formada por ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil que sofreram perseguições durante a Ditadura Civil-Militar por sua atuação sindical e política naquela empresa. Detalhes destas atividades podem ser encontradas neste Boletim.
Convocamos a todos/as os que nos leem, amigos e associados do Núcleo Memória, a prestigiarem nossas atividades através de nossos canais no Facebook e YouTube e, na medida do possível, a contribuir para o fortalecimento institucional de nossa entidade.
Boa leitura!
Diretor do Núcleo Memória participa do Ciclo de Conferências “Negacionismo y relativismo en América Latina y el Caribe”
No primeiro dia de outubro, o Brasil foi representado por Oswaldo de Oliveira Santos Jr., diretor financeiro e coordenador de pesquisa do Núcleo Memória, no segundo evento do Ciclo de Conferências sobre “Negacionismo e relativismo na América Latina e Caribe”.
Conhecendo Lugares de Memória: Casa da Morte - Petrópolis/RJ
No dia 08 de outubro, em mais uma live do projeto Ciclo de Lives “Conhecendo Lugares de Memória”, contamos com as apresentações de Rafane Paixão, Aline Ricky e Glauber Montes sobre a Casa da Morte de Petrópolis-RJ.
Assista no Youtube
Conhecendo Lugares de Memória: Recife/PE
Nessa live do Ciclo de Lives “Conhecendo Lugares de Memória”, realizada dia 22, contamos com as participações de Anacleto Julião, Filipe Xavier, Marcelo Santa Cruz, Amparo Araújo e Edival Cajá.
Retomada das visitas mediadas ao futuro Memorial da Luta Pela Justiça
No dia 24 de outubro, retomamos as visitas mediadas ao prédio da antiga Auditoria Militar de São Paulo, na Av. Brigadeiro Luís Antônio, onde funcionará o Memorial da Luta Pela Justiça. Respeitando os protocolos de segurança, participaram da visita trabalhadores e representantes da associação Heinrich Plagge, de São Bernardo do Campo.
Sábado Resistente - Inauguração da exposição “Orgulho e Resistências: LGBT na Ditadura”
A edição virtual do Sábado Resistente do mês de outubro, realizado na tarde do dia 24, foi dedicada à inauguração da exposição “Orgulho e Resistências: LGBT na Ditadura”, e contou com as participações de Renan Quinalha, James Green, Renata Carvalho, Bruno Oliveira, Leonardo Arouca e Julia Gumieri.
Comunicados RESLAC – Bolívia e Chile
O Núcleo de Preservação da Memória Política assinou, junto a outras instituições que fazem parte da Rede Latino Americana e Caribenha de Lugares de Memória (RESLAC), um comunicado que celebra a recuperação da democracia no Estado Plurinacional da Bolívia e exige verdade, justiça e reparação para as vítimas do governo de fato. Além disso, também endossamos a congratulação realizada pela RESLAC ao triunfo chileno com relação a aprovação de uma nova assembleia constituinte.
No último dia do mês, nosso diretor administrativo Maurice Politi, participou da aula sobre “Avanços e Retrocessos da Justiça de Transição no Brasil” para o grupo de estudantes de Direito da Assistência Judiciária João Mendes.
Finalizamos o projeto de pesquisa realizado neste ano para o Memorial da Luta pela Justiça, trabalho que tinha por objetivo selecionar trechos dos 40 testemunhos já realizados dentro do projeto de História Oral do MLPJ, a partir das lutas de resistência e a repressão sofridas durante a ditadura das seguintes categorias sociais: advogados, estudantes e trabalhadores.
